"Don’t push us against the wall" (não nos encoste na parede). Os cartazes chamando para uma passeata a favor da imigração， neste sábado (11)， em Lisboa， foram espalhados pela cidade em várias línguasbaixar jogo do tigre para ganhar dinheiro， incluindo hindi e bengali.
Jogos Web no Computador - Jogos Online GrátisAtualmente as principais vítimas de xenofobia em Portugal são os imigrantes do sul da Ásia —61% dos portugueses são contra a presença deles no país， de acordo com um levantamento recente. O slogan foi inspirado num episódio ocorrido em 19 de dezembro， estopim para um debate acalorado sobre imigração.
Manifestantes protestam em Lisboa contra abordagem violenta de imigrantes
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João Gabriel de Lima/Folhapress
Nesse dia， as forças de segurança fizeram uma batida policial na região da rua do Benformoso， onde se situam as lojas de imigrantes bengalis， nepaleses， indianos e paquistaneses. Comerciantes e seus clientes foram encostados em uma parede por mais de uma hora， e revistados em busca de armas. Nenhum revólver foi encontrado —apenas algumas armas brancas. Os dois únicos detidos eram portugueses.
O episódio revoltou moradores da região， artistas e políticos. "O princípio fundamental para nós é que só se revistam pessoas quando são suspeitas de algum crime， ou quando há o perigo de entrarem armadas num estádio de futebol"， diz o deputado Rui Tavares， do partido Livre， de centro-esquerda， e colunista desta Folha. "Não faz sentido fazer isso no meio de um dia normal de trabalho， numa rua conhecida por ter muitos imigrantes asiáticos."
A manifestação deste sábado na avenida Almirante Reis， artéria que corta os bairros multiculturais de Lisboa， reuniu representantes de diferentes comunidades， partidos progressistas e movimentos organizados. A trilha sonora do protesto esteve a cargo dos brasileiros —tambores de maracatu e batuque de escola de samba.
A multidão encheu cinco quarteirões da avenida， já decorada com lanternas vermelhas para a festa do Ano-Novo Chinês， e chegou ao seu destino， a praça Martim Moniz， entoando a canção "Grândola Vila Morena"， hino da Revolução dos Cravos.
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Dias antes， no Parlamento， o líder do Chega， André Ventura， havia dado sua própria versão do slogan da manifestação: "Aos gatunos que incendeiam carros， encostem eles na parede. Aos pedófilos que atacam crianças， encostem eles na parede. Aos imigrantes ilegais， encostem eles n parede"， discursou da tribuna.
Mudanças recentes na legislação ajudaram a inflamar o debate sobre estrangeiros no país. "Tudo começou com a necessidade de Portugal se adequar às novas diretrizes da União Europeia"， diz a advogada brasileira Érica Acosta， especialista em direito migratório.
Manifestantes protestam em Lisboa contra abordagem violenta de imigrantes
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João Gabriel de Lima/Folhapress
Portugal tinha uma das leis de imigração mais liberais do continente， ao permitir que estrangeiros conseguissem autorização de residência a posteriori por meio de um instrumento chamado "manifestação de interesse".
Na esteira das exigências da União Europeia， o governo atual， de centro-direita， acabou com a manifestação de interesse –mas encaminhou uma nova lei que mantém a legalização a posteriori para os integrantes da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Na prática foram criadas duas classes de imigrantes: de um lado os que falam português; de outro os demais， que precisam de vistos obtidos em seus próprios países.
fortune tiger"As novas medidas fizeram com que a narrativa da islamofobia， que existe em toda a Europa， reverberasse em Portugal"， diz Acosta. A advogadabaixar jogo do tigre para ganhar dinheiro， conhecida por seu trabalho junto à comunidade brasileira， diz que hoje 70% de seus clientes vêm do sul da Ásia.
